sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ciganos


Era o dia 19, de algum mês que não me lembro bem, lá em 2001. Já não era tão quente em Blumenau, o vento fazia as árvores dançar timidamente em um vai e vem discreto. Época de ciganos na cidade perambulando pelo centro, trazidos por alguma corrente de ar, soprando do sul para o norte ou do oeste para o leste.

Antes que pudesse cruzar a frente daquela senhora franzina, castigada pela vida, ela tomou minha mão e em poucos segundos olhou com consternação nos meus olhos descrentes. O que ela me disse? Bom, Eu não tenho sorte no amor! Naquele momento ela estava parcialmente certa. Eu estava sozinha curtindo minha solidão, que nunca vi como um problema.

Acredito sim em destino, mas não acredito em previsões furadas, videntes formados pelo Instituto Universal, horóscopos que se encaixam na vida de qualquer pessoa que acredita que o futuro pode estar publicado ao lado de um símbolo do zodíaco à venda por R$ 5,00 em qualquer esquina ou disponível gratuitamente na internet, nem em biscoito da sorte. Sou dona do meu destino, percorro meus caminhos sabendo onde quero chegar.

Dias depois nem me lembrava mais da fisionomia daquela cigana, mas as palavras e o ouro garimpado em sua gengiva ainda estavam reluzindo em meus pensamentos. Aos poucos se ofuscaram. Dois anos adiante, em 2003, meu primeiro relacionamento. Me apaixonei, vivemos bons momentos, e a primeira evidência daquelas palavras surgiram no oitavo mês do relacionamento, força do destino, mera coincidência. Relacionamentos dão errado e que bom que terminou, não era para dar certo, obra do destino, soprado ao vento em 2001.

Passados oito meses, recuperada do estrago causado pelo primeiro, entrei no segundo, e, por enquanto, último relacionamento, dessa vez estava mais madura. Muitos momentos maravilhosos, crises passageiras, passeios incríveis, uma vontade imensa de estar em sua presença o tempo todo, eram mais momentos de sorriso e felicidade do que conflitos. Nos casamos no civil após quatro anos de convivência e certezas, a vida conjugal começou para valer. Foi uma experiência ótima de 2004 até 2009, quando a vida começou a tomar um rumo diferente do que Eu esperava. 

Acreditei, como toda mulher apaixonada, que passaria a vida inteira nesse relacionamento. No início da crise as palavras da cigana renasceram e por mais que eu me esforçasse não conseguia me livrar da imagem daquela boca dourada se mexendo. Lutei, abri mão de muita coisa, me anulei mas não bastou, também não era para ser e em 2012 arrumei minhas coisas e deixei para trás sete anos de relacionamento e uma semente que brotou desse amor.

Estou muito feliz sozinha, nesse momento da minha vida. A cigana nunca mais vi e continuo descrente desse tipo de previsão, quem sabe o próximo relacionamento me mostre que ela estava completamente errada.

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